quinta-feira, 16 de junho de 2011

O dia mais longo daquele Projecto 15k #1



"Ainda a viagem era uma criança e já a terceira jornada se revelou a mais longa de todo o PROJECTO. Talvez não tinha sido a mais longa em distância percorrida nem em tempo de condução mas, sem dúvida, foi a que teve mais peripécias.
O dia começou em Chasseneuil – França, bem cedo.
Depois de, na tarde/noite anterior,  ter sido espectacularmente bem recebido por uns amigos de ocasião que conheci numa bomba de gasolina!
A alvorada foi às 06h00 da matina pois o meu anfitrião tinha de ir trabalhar. Pequeno almoço franciú, despedidas feitas e siga viagem.


O sol ainda mal tinha nascido e meia dúzia de quilómetros depois do arranque,  ao acabar de fazer uma curva fechada mas rápida, apercebo-me de um poderoso flash!
Primeiro pensamento: “Papparazzis?!?! Encontraram-me?!” (NOT!)
Depois  voltei à realidade e rapidamente percebi que tinha sido um dos MUITOS radares fixos instalados nas estradas Francesas.
De imediato olhei para o conta-quilómetros que me “disse” que eu circulava a 80-85 Km/h.
“Mau!” pensei, “então se o limite é 90 Km/h porquê o disparo do radar??!”
Metros mais à frente eis a resposta: Sinalização vertical a indicar final de proibição de circular a mais de 70 Km/h.

“Upss…”

Sigo em direcção a Limoges. Estrada Nacional mas com duas faixas e separador central.
Ao ultrapassar  um camião vejo um carro a aproximar-se da minha traseira a uma velocidade considerável. É quase  impossível que não me esteja a ver: capacete cor de laranja fluorescente, inúmeros reflectores na traseira, reflectores no casaco e um saco de bagagem bem amarelão.
Mesmo que quisesse ultrapassar o camião mais rápido para tentar “fugir” ao António Schumacher que se aproximava perigosamente, a Vespa já não tinha mais potência disponível visto que, entretanto, a ultrapassagem estava a dar-se numa subida.
Afinal de contas ele (condutor)  estava-me a ver, mas quis ficar bem pertinho de mim concerteza a avaliar a bela pintura.
Quando concluí a minha ultrapassagem, o outro veículo passa por mim e buzina incessamente.
Não me enervo muito no trânsito mas isto era absolutamente desnecessário, até porque não ia a empatar ninguém.
Quando olho para o veículo, era uma pilota ao volante a fazer-me… adeus!
Entusiasmadíssima!
Correspondi o aceno ainda meio incrédulo.
Pelo espelho tinha visto que o veículo tinha matrícula Alemã mas, quando passou por mim e ficou à minha frente, vi, no vidro traseiro, um enorme autocolante a representar o desenho geográfico de Portugal!
Explicado!
A entrada em Limoges é caótica. Obras por tudo quanto é lado e sinalização, ‘tá quieto.
Pausa no McDonalds para acesso à net, um segundo pequeno-almoço e consulta do mapa.


Depois de achar que estava devidamente orientado, fiz-me à estrada.
Já estava na reserva há uns quilómetros e urgia encontrar uma bomba de gasolina senão corria o risco de se acabar o combustível.
Embora tivesse 1 litro de gasolina num recipiente como reserva extra, apenas o usava em último caso.
Os quilómetros passavam e bombas, nada.
O esperado aconteceu, o motor calou-se por falta de combustível.
Felizmente estava numa descida, aperto a embraiagem para não perder o embalo e deixo-me ir à boleia.
Ao chegar ao final da descida , vejo uma saída para uma estação de serviço.
Que sorte!
Fiquei tão empolgado e concentrado em manter o embalo até chegar ao posto de abastecimento que nem reparei numa rotunda que antecedia a entrada da gasolineira.
Quando a vejo já era demasiado tarde.
Travar não valia a pena porque não ia conseguir imobilizar-me a tempo.
Só via duas alternativas possíveis: rezar ou tentar fazer a rotunda àquela velocidade.
Optei pela segunda hipótese.
Começo a curvar. O lancil a aproximar-se. Penso que vou galgar a rotunda. “Deito-me” mais um bocadinho. O lancil continua a aproximar-se.
Considero a hipótese de me “endireitar” e de tentar subir o lancil.
Apesar de o passeio não ser muito alto, a velocidade ainda era alguma e o peso era bastante…
Pus de lado essa hipótese e, ao perceber que o embate no lancil era inevitável, decido dar um último forcing a curvar e inclino-me mais um pouco.
Assim que me inclino ainda mais, ouço o barulho de um impacto e sinto a mota a levantar e a abanar-se toda.
Com todo o peso da carga a Vespa sacode-se que nem uma louca e, com muita muita sorte, consigo controlar a mota.
Nesta altura já a rotunda tinha ficado para trás e já estou a entrar na bomba de gasolina, ainda meio desgovernado.
Aqui relatado não parece, mas tudo isto sucedeu em brevessímos segundos.
O controlo da mota, depois do impacto, foi pura sorte.
Quando paro e desmonto, apercebo-me que as pessoas que estavam por ali olhavam para mim de forma estranha…
Porque seria?… Ehehe…
Entretanto fui avaliar o que tinha provocado o barulho do impacto.
Era provável que tivesse raspado o descanso, mas não provocava aquele barulho e descontrolo total.
Com mais atenção vejo que a porca que prende o pedal de Kick está bastante raspada!


Bem…
Que sorte…
Trato de abastecer, pagar, ir à casa de banho."

(Continua…)

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